A edição da revista France Football do dia 28 de janeiro deste ano, veio com a capa toda negra, onde se lê “Peur sur le Mondial”, algo como: “Medo do Mundial”, sendo que a letra “O” da palavra “mondial” está a bandeira do Brasil, e onde deveria estar escrito “Ordem e Progresso”, foi colocada uma tarja negra.
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Capa da revista |
Ilustrada com uma foto do acidente com a cobertura do Itaquerão em São Paulo no mês de novembro, a revista fala, em seis páginas, sobre os atrasos na entrega dos estádios, a insatisfação da população, a alta vertiginosa dos preços, o risco de manifestações gigantescas, e até as diferenças de clima entre as regiões durante o evento foram citados pela publicação para justificar os temores com a organização da Copa.
A revista revela que a organização do evento expõe duas faces diferentes: por uma lado, as exigências da Fifa, “às vezes desmedidas, normalmente inadequadas”, e, por outro, um país de crescimento econômico fraco, com problemas políticos, corrupção e uma alta de preços considera insuportável.
Como comparação, a publicação lembra que o Brasil investiu para construir ou renovar 12 estádios e com outras obras da Copa mais de 11 bilhões de euros, enquanto o orçamento do governo para a educação no país em 2013 foi de 12,8 bilhões.
Até o super-heroi Batman, personagem presente em diversos protestos e que se tornou símbolo da contestação social, parece ser impotente diante de tantos problemas, ironiza a France Football.
A revista lembra as recentes declarações do presidente da Fifa, Joseph Blatter, de que nunca um país esteve tão atrasado na preparação de uma Copa do Mundo, e do secretário-geral, Jérôme Valcke, admitindo que a competição vai ser realizada sem infraestruturas totalmente instaladas e testadas.
Segundo a revista, o ritmo imposto na corrida contra o tempo para as obras já deixaram 4 vítimas fatais, em referência aos acidentes com as Arenas de Brasília, Manaus e São Paulo. Em sua reportagem, France Football estima que os compromissos entre governos locais e empreiteiras que se beneficiaram dos atrasos para cobrar preços exorbitantes foi extremamente prejudicial para o contribuinte brasileiro.
Os doze estádios foram financiados pelo Estado embora o compromisso tenha sido com fundos privados
France Football
Em relação a obras de infraestrutura, a revista afirma que os 600 mil turistas esperados no Brasil durante a Copa deverão transitar por aeroportos com “latas de tinta e andaimes pelos corredores” nos terminais, em referência aos atrasos nas principais portas de entrada para as cidades escolhidas como sedes da competição. Em Curitiba, cita a reportagem, o canteiro de obras não avançou 20% do que estava previsto.
Para a revista, não apenas os brasileiros que protestam nas ruas têm motivos para reclamar. Até os próximos jogadores que criaram o movimento “Bom Senso Futebol Clube” também saíram a campo para defender seus interesses, como um calendário de jogos menos carregado.
Em entrevista concedida à revista, o presidente da Fifa confessa que a entidade possa ter tido uma confiança excessiva no Brasil para organizar o maior evento do futebol mundial. Blatter voltou a reafirmar que nunca um país teve tanto tempo, 7 anos, para realizar uma Copa e garantiu que a presidente Dilma Roussef prometeu a ele provar que “o país estará pronto”.
O orgulho não deve fazer esquecer os compromissos do governo com as obras de infraestrutura
Joseph Blatter - presidente da Fifa
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