Uma das missões mais difíceis do Atlético na era Autuori é cadenciar o toque de bola, como quer o treinador. Estilo veloz e jogo aéreo do ex-técnico ainda 'contaminam' time
Roger Dias - Estado de MinasMais do que obter a classificação à segunda fase da Copa Libertadores e confirmar vaga na final do Campeonato Mineiro, o Atlético trabalha gradualmente para mudar o estilo e a filosofia de jogo sob o comando do técnico Paulo Autuori. Em vez dos chutões para o setor ofensivo e das jogadas aéreas, tão comuns no título continental na última temporada, em que Cuca era o treinador, em 2014 a equipe tem apostado mais nas saídas com toque de bola cadenciado. Há um ponto em comum, as triangulações rápidas para chegar aos resultados positivos.
Dos 30 gols marcados em 16 partidas no ano, apenas cinco foram de cabeça, três deles do atacante Jô. Por outro lado, houve 22 com a bola rolando. Em 2013, foram 47 de cabeça num total de 127. Uma das prioridades de Autuori é justamente ver os atletas “jogando bonito” com ênfase na troca de passes. Um fator que talvez tenha influência na queda de gols pelo alto é o mau momento de Ronaldinho Gaúcho, que era o líder nas assistências até o ano passado (16).
Na visão de Jô, a equipe mudou de característica justamente por trabalhar melhor a posse de bola na defesa e no ataque: “É um pouco diferente. Com o Cuca, tínhamos um time sem paciência e muito mais agressivo, até porque usávamos a velocidade do Bernard e às vezes a do Luan. Agora, temos mais concentração para estudar o adversário, ficamos mais tranquilos para estudar o jogo. A torcida confunde um pouco e nos critica”.
Autuori entende que o sucesso passa pelo equilíbrio, pela organização tática nos 90 minutos e também pela capacidade de superação nas vezes em que sair atrás no placar. Nos 4 a 1 sobre o América, domingo, no Independência, o Galo talvez tenha feito uma de suas melhores exibições do ano, mantendo a regularidade ao pressionar o adversário por igual do começo ao fim e com êxito nas conclusões.
O zagueiro Edcalos trabalhou com o treinador no São Paulo em 2005 e juntos conquistaram a Libertadores e o Mundial de Clubes. Para o defensor, o estilo do técnico permaneceu o mesmo. “Quando cheguei aqui, até estranhei, porque ele não mudou em nada. Sempre foi aquela pessoa tranquila. Nunca deixou o nervosismo atrapalhar o grupo. Continua paciente em trabalhar todos os setores por igual. A equipe está se adaptando bem a esse estilo.”
Jô entende que o trabalho está sendo encaminhado corretamente pela comissão técnica: “Sabíamos que campeão da América não ia ter moleza, mas conseguimos ganhar a maioria das partidas. Trabalhamos para fazer bons jogos e nem sempre conseguimos. No entanto, o importante é conseguir os objetivos. O Paulo está sendo feliz em mesclar os jogadores. Isso prova que todos têm condições de entrar na equipe, conforme a necessidade.”
PREPARAÇÃO
Para aproveitar a semana sem partidas, o grupo treinou em dois períodos ontem, dando ênfase à preparação técnica e tática, voltada para a marcação e o posicionamento. No segundo confronto das semifinais contra o América, domingo, às 18h30, no Independência, o Galo jogará com vários reservas, entre eles Edcarlos, substituto de Leonardo Silva, suspenso por causa do terceiro cartão amarelo.
O volante Josué, com pubalgia, será desfalque. Já o volante Pierre, com edema na panturrilha esquerda, o armador Ronaldinho Gaúcho, com dor no joelho esquerdo, e o atacante Diego Tardelli, com incômodo muscular, continuam o tratamento, mas a tendência é de que sejam preservados. No lugar do lateral Marcos Rocha, também suspenso, deve atuar Alex Silva. O goleiro Victor foi poupado por causa de dor no joelho direito, mas sua escalação está garantida.
PERTO DA VAGA
Se vencer o Independiente Santa Fe, quinta-feira que vem, em Bogotá, o Atlético, com 8 pontos, garantirá automaticamente o primeiro lugar do Grupo 4 e a vaga nas oitavas de final da Copa Libertadores. Mesmo empates nos dois jogos restantes (o outro será contra o Zamora, em Belo Horizonte) asseguram a classificação alvinegra. Na noite de terça-feira, o Zamora chegou ao segundo lugar da chave ao vencer o Nacional-PAR por 2 a 0, em Barinas – gols de Falcón e Murillo. O primeiro time a carimbar o passaporte aos mata-matas é o Santos Laguna, que goleou o Peñarol por 4 a 1, em Torreón. A equipe mexicana tem 13 pontos no Grupo 8, sete a mais do que o Arsenal de Sarandí-ARG.
Paulo Autuori até o momento na minha visão:
Pontos positivos:
- Acreditou em jogadores da base em uma época difícil de encontrar jogadores no mercado;
- Resgatou a confiança de jogadores de categoria na mira de serem negociados;
- Tem facilidade em instruir jogadores a atuar em posições diferentes ou semelhantes;
- Valorizou financeiramente o time;
- Montou 2 boas equipes o que pode trazer mais tranquilidade no campeonato Brasileiro, Copa do Brasil;
- Tem um leque de opções táticas, diferente do Cuca.
Dúvidas:
- Ainda não mostrou tudo que esperamos;
- Estabilidade de uma das 2 equipes que montou;
- Seu passado recente já se apagou?
- O 1º, 2º, 3º, 4º e 5º título de 2014
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