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4 de julho de 2014

Reduto de Ronaldinho, lagoa não recebeu Messi na Copa por economia

 Em um breve passeio ao redor da lagoa central que dá nome ao município de Lagoa Santa, é fácil ouvir histórias sobre Ronaldinho Gaúcho. Um sujeito fala sobre as festas que o morador mais ilustre da região dá em sua mansão; outro também; um terceiro aumenta em relação à promiscuidade de quem frequenta o local; uma senhora recorda o dia em que ele bateu um Porsche em um Chevette; e os garçons de restaurantes se orgulham de já ter servido o ídolo. As atenções direcionadas ao meia do Atlético-MG, no entanto, quase acabaram divididas na Copa do Mundo. Com Lionel Messi.

Como a Argentina está concentrada na Cidade do Galo (em Vespasiano, município vizinho a Lagoa Santa) para o Mundial, Messi pediu que Ronaldinho lhe indicasse um lugar próximo para abrigar a família. O seu antigo companheiro de Barcelona não hesitou em apontar uma mansão branca, com sete suítes e mais de 8 mil m² de terreno, como a hospedagem ideal para quem queria ter conforto nos arredores do CT do Atlético-MG. Para melhorar, o local é vizinho ao Parque Aeronáutico de Lagoa Santa, das Forças Armadas, o que facilitaria o deslocamento aéreo dos parentes do astro argentino.


Antonella Roccuzzo, a mulher de Messi, adorou a indicação. O jogador não gostou do preço do aluguel - R$ 150 mil, irrisórios se comparados aos seus vencimentos - e queria mais privacidade. Afinal, não é tarefa das mais complicadas avistar o interior da mansão para quem passa por ali. No dia em que a Gazeta Esportiva visitou Lagoa Santa, um grupo de jovens se divertia com um violão e um piquenique na faixa de grama entre a casa e a água. "Sabia que o Messi quase ficou aí?", berrou uma garota, animada.

Todos em Lagoa Santa sabiam. A negociação de Messi com o proprietário Paulo Nassif, empresário de uma distribuidora de bebidas e mais conhecido como Paulinho, ficou famosa na cidade. Não há quem deixe de acrescentar algum detalhe à história que impediu o principal jogador da Argentina de criar um vínculo com a região, a 35 km de Belo Horizonte. O fato é que o dono da mansão se incomodou com a pechincha feita pelo atleta (que deixou a família no Rio de Janeiro) e com as suas exigências e não chegou a um acordo.Lagoa Santa, portanto, teve de se contentar com Ronaldinho Gaúcho. E não é pouco. O meia movimentou a cidade quando decidiu se estabelecer ali ao acertar contrato com o Atlético-MG. Funcionários e habitantes do Condomínio Estância das Amendoeiras passaram a ser procurados para falar sobre a vida agitada do vizinho ilustre. Na época, o diretor de futebol Eduardo Maluf chegou a amenizar à imprensa carioca, vacinada pela conturbada passagem do atleta pelo Flamengo: "Se ele joga no sábado, não tem problema beber no domingo. Se vai jogar só no domingo, por que não fazer um churrasco na terça?".

Com o tempo - e principalmente com a conquista da Copa Libertadores da América -, os moradores de Lagoa Santa passaram a achar graça das peripécias de Ronaldinho. O taxista Wilfred Marcelino sorriu para dizer que sempre é chamado "para levar as meninas" à casa do jogador. "O engraçado é que umas são feias, nem eu pegava. Não existe lógica. Ele vai mais pela quantidade do que pela qualidade, né?", comentou. Ainda segundo o relato dele, uma das garotas saiu chorando, certa manhã, do condomínio. "Ela tinha se apaixonado pelo Ronaldinho, coitada, e não queria mais dividi-lo com as outras", gargalhou o torcedor do Atlético-MG.Já Cleidson Rodrigues, proprietário da churrascaria Na Brasa Grill, orgulhou-se de ter servido Ronaldinho Gaúcho uma vez. "É uma pena que ele não possa vir mais vezes aqui, porque ninguém o deixaria em paz", lamentou o também atleticano, que se diz próximo da governanta do meia. "Trabalho com gastronomia e já fui até a casa dele algumas vezes", contou, fazendo questão de exibir algumas fotografias gravadas em seu telefone celular.

Assis, o irmão e empresário de Ronaldinho, e Miguelina, a mãe, seriam clientes mais assíduos da churrascaria. Ele não dispensaria as doses de caipifruta e as porções de frango, enquanto ela apreciaria beber espumantes enquanto observa a lagoa. "Pena que o Messi não vai poder fazer o mesmo, apesar de o Ronaldinho ter tentado trazê-lo para cá. Fica para uma próxima, né?", conformou-se Cleidson, apesar de posar para fotos diante de uma bandeira do Brasil de Ronaldinho Gaúcho e rejeitar apoio à Lionel Argentina de Messi na Copa do Mundo.



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