Em um breve passeio ao redor da lagoa central que dá nome ao município de Lagoa Santa, é fácil ouvir histórias sobre Ronaldinho Gaúcho. Um sujeito fala sobre as festas que o morador mais ilustre da região dá em sua mansão; outro também; um terceiro aumenta em relação à promiscuidade de quem frequenta o local; uma senhora recorda o dia em que ele bateu um Porsche em um Chevette; e os garçons de restaurantes se orgulham de já ter servido o ídolo. As atenções direcionadas ao meia do Atlético-MG, no entanto, quase acabaram divididas na Copa do Mundo. Com Lionel Messi.
Como a Argentina está concentrada na Cidade do Galo (em Vespasiano, município vizinho a Lagoa Santa) para o Mundial, Messi pediu que Ronaldinho lhe indicasse um lugar próximo para abrigar a família. O seu antigo companheiro de Barcelona não hesitou em apontar uma mansão branca, com sete suítes e mais de 8 mil m² de terreno, como a hospedagem ideal para quem queria ter conforto nos arredores do CT do Atlético-MG. Para melhorar, o local é vizinho ao Parque Aeronáutico de Lagoa Santa, das Forças Armadas, o que facilitaria o deslocamento aéreo dos parentes do astro argentino.
Antonella Roccuzzo, a mulher de Messi, adorou a indicação. O jogador não gostou do preço do aluguel - R$ 150 mil, irrisórios se comparados aos seus vencimentos - e queria mais privacidade. Afinal, não é tarefa das mais complicadas avistar o interior da mansão para quem passa por ali. No dia em que a Gazeta Esportiva visitou Lagoa Santa, um grupo de jovens se divertia com um violão e um piquenique na faixa de grama entre a casa e a água. "Sabia que o Messi quase ficou aí?", berrou uma garota, animada.
Todos em Lagoa Santa sabiam. A negociação de Messi com o proprietário Paulo Nassif, empresário de uma distribuidora de bebidas e mais conhecido como Paulinho, ficou famosa na cidade. Não há quem deixe de acrescentar algum detalhe à história que impediu o principal jogador da Argentina de criar um vínculo com a região, a 35 km de Belo Horizonte. O fato é que o dono da mansão se incomodou com a pechincha feita pelo atleta (que deixou a família no Rio de Janeiro) e com as suas exigências e não chegou a um acordo.Lagoa Santa, portanto, teve de se contentar com Ronaldinho Gaúcho. E não é pouco. O meia movimentou a cidade quando decidiu se estabelecer ali ao acertar contrato com o Atlético-MG. Funcionários e habitantes do Condomínio Estância das Amendoeiras passaram a ser procurados para falar sobre a vida agitada do vizinho ilustre. Na época, o diretor de futebol Eduardo Maluf chegou a amenizar à imprensa carioca, vacinada pela conturbada passagem do atleta pelo Flamengo: "Se ele joga no sábado, não tem problema beber no domingo. Se vai jogar só no domingo, por que não fazer um churrasco na terça?".
Com o tempo - e principalmente com a conquista da Copa Libertadores da América -, os moradores de Lagoa Santa passaram a achar graça das peripécias de Ronaldinho. O taxista Wilfred Marcelino sorriu para dizer que sempre é chamado "para levar as meninas" à casa do jogador. "O engraçado é que umas são feias, nem eu pegava. Não existe lógica. Ele vai mais pela quantidade do que pela qualidade, né?", comentou. Ainda segundo o relato dele, uma das garotas saiu chorando, certa manhã, do condomínio. "Ela tinha se apaixonado pelo Ronaldinho, coitada, e não queria mais dividi-lo com as outras", gargalhou o torcedor do Atlético-MG.Já Cleidson Rodrigues, proprietário da churrascaria Na Brasa Grill, orgulhou-se de ter servido Ronaldinho Gaúcho uma vez. "É uma pena que ele não possa vir mais vezes aqui, porque ninguém o deixaria em paz", lamentou o também atleticano, que se diz próximo da governanta do meia. "Trabalho com gastronomia e já fui até a casa dele algumas vezes", contou, fazendo questão de exibir algumas fotografias gravadas em seu telefone celular.
Assis, o irmão e empresário de Ronaldinho, e Miguelina, a mãe, seriam clientes mais assíduos da churrascaria. Ele não dispensaria as doses de caipifruta e as porções de frango, enquanto ela apreciaria beber espumantes enquanto observa a lagoa. "Pena que o Messi não vai poder fazer o mesmo, apesar de o Ronaldinho ter tentado trazê-lo para cá. Fica para uma próxima, né?", conformou-se Cleidson, apesar de posar para fotos diante de uma bandeira do Brasil de Ronaldinho Gaúcho e rejeitar apoio à Lionel Argentina de Messi na Copa do Mundo.
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