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8 de fevereiro de 2014

Na alça de mira

Com menos de um mês de trabalho no Atlético, Paulo Autuori já sofre duras críticas da torcida, insatisfeita também com as ações da diretoria. Grupo procura demonstrar apoio e otimismo

Roger Dias - Estado de Minas
Publicação:08/02/2014 09:28

Foram apenas 23 dias de atividades, concentrações e somente três jogos no comando do Atlético, mas o suficiente para que o técnico Paulo Autuori comece a lidar com as cobranças e a pressão dos torcedores. Vaiado e xingado depois da derrota para o Tombense por 2 a 0, pelo Campeonato Mineiro, o treinador culpa a falta de tempo para trabalhar a equipe como justificativa para o começo ruim na temporada. No entanto, a insatisfação extrapola o aproveitamento de apenas 44% do técnico – um empate, uma vitória e uma derrota. Ela passa pelo vexame no Mundial de Clubes, no Marrocos, pelo planejamento e pelas últimas contratações. 

Autuori considera que as críticas são normais, pois a equipe fez grandes exibições no ano passado, mas também entende que os resultados precisam aparecer o mais rápido possível. “Sempre assumi a responsabilidade pela derrota e pelo futebol ruim. Não coloco culpa no grupo e não tenho dificuldade em administrar isso. As cobranças também são fundamentais, seja por vaias ou por manifestações. Quem está no futebol é julgado de três a quatro dias, que é o período em que jogamos. Não podemos ficar lamentando e sim fazer o melhor para melhorar.”

O treinador chegou a ter 70% de rejeição da torcida, quando o presidente Alexandre Kalil anunciou sua contratação depois do fiasco no Mundial de Clubes. No ano passado, ele fez trabalhos sem destaque no Vasco e no São Paulo e saiu sem deixar saudade. Mesmo assim, a diretoria do Galo apostou no treinador de 57 anos pelo currículo vencedor – conquistou um Mundial de Clubes (2005, pelo São Paulo), duas Libertadores (de 1997 pelo Cruzeiro e de 2005 pelo São Paulo), além do Campeonato Brasileiro de 1995 com o Botafogo. 

Todavia, não é somente o recém-chegado treinador que carrega a culpa pelo início atleticano pouco animador. A torcida também culpa a diretoria pela demora na aquisição de reforços e pela dispensa de jogadores considerados importantes na temporada passada, como o zagueiro Gilberto Silva e o lateral-esquerdo Júnior César. Kalil revelou que pediu a Autuori uma lista de reforços, que não foi entregue – o dirigente não explicou os motivos. 

Estrear bem na Copa Libertadores contra o Zamora, terça-feira, às 22h, em Barinas, na Venezuela, é a estratégia do grupo para minimizar as críticas e superar a desconfiança. A esperança está depositada no craque Ronaldinho Gaúcho, que fará sua primeira partida em 2014, depois de cumprir suspensão pela expulsão no Mundial de Clubes no Marrocos. 

Para o camisa 10 atleticano, a queda de rendimento no início do Mineiro é compreensível: “Todos ainda estão se adaptando, uns jogadores voltando e outros saindo. Dificuldades existem em qualquer clube, mas estou otimista como sempre. A equipe está motivada pelo treinador novo e pelas competições importantes que disputaremos. Espero que possa ajudar com minhas qualidades e que o time volte a conquistar vitórias”.

Ronaldinho sabe que a tarefa de trazer o bicampeonato da Libertadores será complicada, porque o Atlético ganha novo status e dimensão a partir de agora: “É muito difícil, porque todas as equipes merecem respeito e os jogos se tornam cada vez mais complicados. É preciso mostrar a dedicação de sempre e seriedade para ter o mesmo desempenho”.

MACHUCADOS O excesso de problemas médicos também prejudicou a preparação atleticana. O zagueiro Emerson e o atacante Luan já passaram por cirurgias e só voltam aos gramados depois da Copa do Mundo. Já o zagueiro Réver se recuperou do trauma no tornozelo direito e ontem retornou às atividades com o grupo, tendo grandes chances de estar em campo na terça-feira. Desta forma, Autuori espera mandar a campo a formação que fracassou com Cuca no Marrocos: Victor; Marcos Rocha, Leonardo Silva, Réver e Lucas Cândido; Pierre, Josué e Ronaldinho Gaúcho; Diego Tardelli, Jô e Fernandinho.


10 MOTIVOS PARA A REVOLTA
» Queda de rendimento desde a conquista da Libertadores
» Fracasso no Mundial de Clubes
» Contratação de Paulo Autuori
» Demora na apresentação do treinador
» Dispensa do zagueiro Gilberto Silva
» Saída de Júnior César
» Falta de qualidade nos reforços
» Morosidade nas contratações
» Acerto com o ex-cruzeirense Edcarlos
» Atuações e resultados ruins do time no início do Mineiro


ARGENTINO NO BID

O zagueiro argentino Nicolás Otamendi, de 25 anos, já está legalmente apto a estrear no Atlético. Ele chegou a Belo Horizonte na manhã de ontem para fazer exames médicos e assinar contrato com o Atlético e no fim da tarde seu nome foi publicado no Boletim Informativo Diário (BID) da CBF. O ex-armador Deco, atualmente procurador, intermediou o acerto com o clube alvinegro. O defensor pertence ao Valencia, que o emprestou até o fim de junho. Por causa da negociação, o Atlético só divulgará a lista dos 30 inscritos na Libertadores na segunda-feira, 24 horas antes da estreia contra o Zamora, e por isso pagará multa de R$ 25 mil (US$ 10 mil). A apresentação do também zagueiro Edcarlos foi adiada devido a um problema em sua transferência internacional, mas a documentação também foi regularizada à tarde.



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