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24 de maio de 2014
COPA 2014: A copa de todos e de ninguém
Paulo Renato de Meneses
politica@opovo.com.br
Entre “não vai ter Copa” e “vai ter, sim”, muita bola ainda vai rolar antes do apito inicial do torneio da Fifa. Sediar pela segunda vez o Mundial tem feito o brasileiro se contorcer em dilemas: torcer pela Seleção e não protestar? Não torcer e não protestar? Torcer e protestar? Nunca antes na história deste País futebol e política estiveram tão próximos - ora em lados, ora do mesmo lado. O Brasil se divide em estádios de verde e amarelo e ruas de insatisfação.
“Vai ter Copa, vai ter manifestação, vai ter turista - o que não vai ter é educação e segurança, mas isso a gente já esperava”, esbraveja Julia Ionele no Facebook. Assim como a estudante universitária, cada vez mais pessoas têm recorrido às redes sociais para se posicionar sobre o Mundial. Da Internet para as ruas, os questionamentos se espalham: a Copa já era? Vamos ser hexa? Copa pra quem?
Copa de todos
A pedagoga Helen Serpa está confiante. “O Brasil vai ser hexa, a Copa vai ser um sucesso e os estrangeiros, mesmo perdendo, vão sair daqui felizes”, garante. De Fuleco na mão, Helen planeja assistir aos seis jogos realizados na Arena Castelão. Em seu apartamento, a cearense receberá amigos brasileiros e estrangeiros.
Defendendo que a Copa é momento de torcer, Helen está entre os 24% de moradores de Fortaleza que se dizem “muito interessados” no evento. O número, divulgado na última quinta-feira, é um dado da pesquisa realizada pela empresa Ipsos Media CT. “Nós somos um povo bonito, lutador, sabemos o que queremos. Então, precisamos parar com esse complexo de vira-lata. Nós somos um povo poderoso”, argumenta.
Apesar da empolgação com o futebol, a pedagoga afirma que o “maior legado” da Copa é “o pensar sobre a própria realidade” que o evento provocou no País. “Acho que o brasileiro está insatisfeito com o atual momento político e socioeconômico e, assim, quer antecipar o dia 3 de outubro para o dia 12 de junho. Isso não pode acontecer. Futebol é um esporte popular que une povos”, defende.
Copa de ninguém
O sociólogo Caio Feitosa está determinado. “Ir para a rua durante a Copa do Mundo é recuperar a necessidade de jogar para a opinião pública problemas que são anteriores à Copa”, contra-ataca. Caio é membro do Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza e integra o Comitê Popular da Copa. Essas questões, explica, dizem respeito aos problemas de moradia, violência e muitas outras “urgências humanas e sociais que nunca assumiram prioridade na agenda das políticas públicas”.
O POVO
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